Estava hesitante se deveria escrever este texto, hoje e por
ser hoje.
Entretanto depois de refletir bem sobre o tema, não só
conclui que devo como é essencial que o faça. A memória das pessoas que amamos ficará sempre viva enquanto
houver quem se recorde. E eu quero recordar a minha avó, hoje e sempre.
Enquanto eu me lembrar dela e registar isso, ela vai
continuar a alimentar o meu imaginário e a reconfortar a minha alma. Vai viver
algures neste espaço em que eu vivo, outros irão ler o que escrevo sobre ela e
recordá-la ou simplesmente imaginar e sentir a ligação que existe entre nós. É
uma ligação perpetua, nunca existirá um verbo no passado entre nós.
Por isso é com sentido de missão que escrevo este texto,
hoje e sempre que me apetecer escrever sobre a minha avó. Não é doloroso escrever
sobre ela, ainda que me inundem as saudades, é o conforto do amor que me faz
escrever, falar ou pensar nela. Hoje faz dois anos que ela morreu e esse sim,
foi um dos dias mais tristes que partilhámos.
Todos os outros dias, entre bons e maus foram bem vividos. É
importante saber-se enquanto se vive e enquanto se tem as pessoas que se gosta
perto, que é um privilégio cada minuto, cada dia que se passa com eles.
Felizmente, esta epifania chegou-me antes da minha avó morrer e fez com que
pouco ou nada lhe negasse nos últimos tempos, muito motivado pela minha
urgência em conseguir absorver toda a vida que lhe restava. Não foi fácil, os últimos
tempos foram particularmente duros mas essenciais para legitimar esta nossa
relação.
Hoje relembro-a. Vivi a minha vida toda com a minha avó,
sinto saudades dela e das coisas simples que ela fazia. Não preciso pensar
muito para saber quais são, foram muitas e diversas, algumas estão guardadas nos
pontos dos napperons que guardo. A vida
segue em frente, o tempo não para, hoje segue com o coração um bocadinho mais
apertado pelas saudades.
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