A verdade da mentira

Quando se vive uma mentira, essa é a nossa verdade?
Dito assim parece uma coisa complicada, e talvez até seja… mas a vida é um desafio permanente, um puzzle gigante que temos de ir construindo mesmo quando as peças não encaixam.
Se pertencemos a uma história e queremos que tenha um final feliz, como todas as histórias bonitas, essa é a nossa realidade. Aquilo que estamos a viver é o presente, o momento, o instante, o agora... por isso é a nossa verdade do momento. De certeza que a filosofia já se debateu com esta questão e tem um estudo aprofundado sobre o tema ou não!? É provável.
Ninguém em pleno uso das suas faculdades, quer viver uma mentira, dizer ou fazer mentiras, julgo eu. A verdade é sempre a opção certa quando na extremidade oposta temos uma mentira. Mesmo que seja uma mentira piedosa ou de simpatia? 
Por vezes temos de escolher entre o fazer o bem, o que é certo ou magoar alguém e o problema é que pode ser com uma verdade assim como pode ser com uma mentira. Fica difícil decidir... podemos sempre justificar que cada caso é um caso, que cada pessoa é uma pessoa... sim é verdade, e mesmo assim, justifica a mentira? É um pau de dois bicos...
Depois ainda há o pior tipo de mentiras que pode existir, que são as mentiras de cobardia, cobardia daqueles que não têm coragem de enfrentar e dizer tudo na cara... e acham que mentindo ou mesmo omitindo a verdade se vai esbatendo na poeira do tempo. Também é um pensamento errado, não importa o tempo que leva, mas a verdade vem sempre ao de cima. 
E onde entra a omissão? Será uma mentira ou uma meia verdade? 
Parece-me apesar de tudo menos mal omitir que mentir deliberadamente. Não se conta tudo, reserva-se uma parte ou tenta-se esconder para sempre, é uma opção que pode ser questionável. Apesar de tudo, parece-me menos doloroso que uma mentira, não se está a inventar nada apenas a remeter para o silêncio. Se bem que uma omissão pode esconder uma mentira maior... e ai, sim é grave. Mais um dilema...
Por exemplo, se uma pessoa deixa de gostar de outra... mas vai adiando o confronto com a outra pessoa pela omissão da verdade. Esconde a mentira, já não ama, e não é capaz de dizer... vai deixando que o outro se aperceba e dê o primeiro passo. Não se faz. É incorrecto na pior forma que pode existir, não se brinca com o amor e muito menos com os sentimentos da outra pessoa. Acredito que não queira magoar a outra pessoa, mas é impossivel, por isso não vale a pena adiar o inevitável e neste caso a verdade só servirá para o melhor, para ambos. 
Claro que existem mentiras e mentiras... também dependem sempre da sua profundidade, proporção e gravidade. Não deixarão de ser simplesmente mentiras e por si só, más. 
Quando comecei a pensar sobre este tema: a verdade da mentira, esta música não me saía da cabeça. É um mix das saudades que tenho do Brasil com a letra que a Maria Rita canta. Um coração maltratado que pede que lhe mintam para deixar de sofrer... que só deseja que lhe contem histórias de crianças para que recupere a esperança... umas mentiras cor de rosas, como são as mentiras do amor, é tudo o que precisa para se curar. 

"Que as mentiras de amor
Não deixam cicatrizes
E tu és a mentira mais gostosa
De todas as mentiras que tu dizes"

São este tipo de coisas que penso no caminho para casa, as reflexões do comboio podem ser estranhas...



Comentários

  1. Também me farto de pensar no comboio. É bom...e estes teus pensamentos parecem-me muito positivos! Gosto muito :)

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  2. E agora vou ouvir a "musiquinha" ;) obrigado! (porque mais uma vez deixei a musica em casa)

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  3. Esta música é linda :)))) assim como a Maria Rita! Viva o comboio da linha de Sintra que nos faz pensar na vida eheheh

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