Podia começar assim a chamada ou um simples pedido:
perde o juízo e vem!
Assim sem mais nem menos, sem grandes rodeios,
directo e curto: perde o juízo e vem!
E o peito enche-se de ar, o coração acelera, tudo
treme e vai-se assim, sem juízo, sem rede, sem nada, só porque sim. Porque se
perdeu o juízo numa qualquer loucura imaginária que se sente na pele, só porque
naquele dia tínhamos de ser diferentes do habitual. E vai-se.
Fechas os olhos e sentes cada bocadinho do juízo (aquele
que tanto valorizas) a sair por todas as células, está a ir-se, vai-se purgar
para mais tarde voltar, mas não hoje. Precisa redefinir-se para voltar
melhorado, deixa-o ir, não penses muito.
O suor escorre por todo o lado, é o medo de perder
o juízo para sempre, para todo o sempre (mesmo não tendo garantias que o nosso
juízo é saudável, é nosso…) o juízo que é meu por direito e conquista, está-se
a ir, com autorização, porque eu hoje vou!
Vou, vou e vou, está decidido.
Mas não consigo sair do sítio, é como se o corpo
não obedecesse à vontade, é o juízo que ainda não saiu todo, que não me deixa continuar.
Mas não tem volta, hoje está decidido, vamos fazer o que ainda não foi feito! O
que não fizemos por um qualquer medo ou um qualquer bloqueio que paralisa a
alma e o corpo em preconceitos e remorsos, sem saber o que está certo ou
errado, mesmo que se deseje muito.
E o apelo continua: perde o juízo e vem!
Já não tem volta, e pensar que tantas coisas morrem
antes de acontecer e outras tantas demoram uma eternidade a dar-se, e o aqui e agora
é real e chama. E tu vais. Não tens como não ir.
A energia puxa energia, uma vez lançado um sim no
universo não se pode voltar atrás, é afirmativo e existe um compromisso. E
quando se fazem promessas com as estrelas no céu, não se podem desmanchar. Sim
eu vou.
Não sei para onde vou, tenho apenas uma leve ideia
quem estará à minha espera, e já disse que sim. Sou eu, mas totalmente livre
para reescrever a minha própria história, sentir outras sensações e explorar o
inexplorável, porque hoje decidi ir.
O juízo já se foi, por isso estou a caminho. Deixa
a porta entreaberta que estou a chegar.
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