Não bastasse existirem 7 pecados capitais: Gula, Avareza,
Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça, Orgulho e Vaidade que pendem sobre as nossas
cabeças, eu acrescentaria mais um: o Esquecimento.
Claro que a logica dos pecados como uma grande parte da
doutrina da igreja católica, assenta sobre o medo e o pressuposto “educativo”
de controlar os instintos humanos. Pecar é o top do medo, não só porque nos
pretende deixar desconfortáveis com os nossos actos como incute nos pecadores a
tenebrosa ideia que vão arder no fogo do inferno por serem pecadores
recorrentes. Basicamente, ninguém se safa…
Se analisarmos bem, ainda sem entrar em detalhe, o
esquecimento pode ser um bocadinho de inveja misturada com orgulho e alguma
preguiça. Mas mesmo assim, seriam apenas pequenos pormenores dentro de uma
coisa maior, segundo a minha visão do tema.
O conceito de esquecimento pressupõe: “uma acção involuntária que supõe
deixar de conservar na memória alguma informação que tinha sido adquirida”,
pode ser um acto involuntário até porque a mente humana reserva mistérios que só
aos poucos se vão desvendando e a forma como se processa este esquecimento
voluntário, pode entrar dentro desses mistérios. Outra das causas: “A mente
também pode bloquear determinadas recordações que sejam dolorosas para o
sujeito.”
No
entanto, dentro deste mesmo conceito existe o esquecimento por “cessação do afecto que se tinha”
que pode acontecer, é verdade. Se mudamos de gostos e afinamos a nossa
personalidade ao longo da vida, também os afectos vão-se transformando,
independentemente dos laços.
O
esquecimento a que me refiro é o esquecimento da ingratidão. Aquele que leva o
outro voluntariamente arrumar os agradecimentos na gaveta do esquecimento e com
isso acabar com o afecto que resta. Quando se pratica o bem, seja ele qual for,
faz-se porque se gosta de ajudar, porque existe preocupação, amor, respeito e
não se exige nada em troca. Faz-se uma dávida.
Contudo
espera-se que o outro nos guarde no coração com respeito e amor, pelo bem que
lhe foi prestado e que este lhe sirva como exemplo para futuros acções. Demonstrar
carinho e atenção é a forma de gratidão mais simples que pode existir. As
pessoas não existem para nos servir, não somos moeda de troca. Envolvemo-nos
uns com os outros criamos laços, expectativas para não cairmos no esquecimento
do tempo (solidão) e não no esquecimento da ingratidão.
É
por isso que este Esquecimento para mim, é um pecado capital. Não reconhcer o "pecado" que se comete ou mesmo que a consciência não lhe pese, não implica que
não se irá parar ao “inferno”. Nunca devemos esquecer quem nos dá ou deu a mão,
quando estivemos mal, quando estamos mal ou quando tudo corre bem.
Somos
todos pecadores isso é certo, só temos de perceber qual o pecado que menos mal
nos faz, a nós e ao outro.
Este
faz-me muito mal.
Imgem de: [Tag] Seven Deadly Sins of Reading
Dizes bem. Só não lhe chamaria "pecado". ;) Ótimo tema.
ResponderEliminarFoi só para lhe dar mais peso ;)
ResponderEliminar