Avançar para o conteúdo principal

Banalização das instituições

Um tema sério. E provavelmente polémico.

Antes de entrar em pormenores devo dizer que é uma reflexão que tenho vindo a fazer e como tal, não é uma opinião estanque é um ponto de vista que se tenho vindo a construir. Pode estar errado, pode estar certo é um tema que me tem inquietado.

As questões do ensino são sempre sensíveis e que fique claro, o ensino/ educação deve ser acessível a todos como principio universal. No entanto, acho que se está a banalizar no sentido da qualidade do saber que se alcança e estou a pensar no caso especifico das Universidades. Hoje é quase pratica comum, ir-se para a universidade… mas a universidade não é um espaço qualquer e o que se pretende para além do ensino é que as pessoas que para lá vão pensem!

Para pensar também é preciso que deixem os alunos fazê-lo, o que alguns professores não fazem. É verdade que a maioria dos alunos não tem intenção alguma de pensar, só querem passar de ano, acabar o curso, alguns ter boas notas sem qualquer reflexão sobre tudo o que lhes é despejado em cima…

E depois a promessa que o curso superior irá abrir portas para um emprego melhor… hhuummmmm não é o diploma que nos dará isso, tem de ser o que temos dentro de nós… e ai também falha o recrutamento. E as cunhas, lá está…o fator C deste país! AH…e o apelido de jeito… também ajuda um bocadinho desde que se tenha pelo menos um tico e um teco (só um dos dois é opcional) e um tio emprestado ou verdadeiro…

Qual será a solução? Sinceramente não sei. Tentar tornar uma parte do ensino mais gourmet?
Acessível para todos (ponto assente) contudo tentado que alguns se destaquem mais e se mantenham nesse rumo. E não serão apenas académicos ou como académicos que alguns também deixam de pensar a meio do processo… pessoas que se envolvem na vida de todos os dias, mas que não se demitem de pensar. 

Falta às Universidades algum contacto com a realidade… debitar matérias que se decoram é vazio. Aliás debitar por debitar por si só é oco…

Estamos a falhar no meio do percurso. Não é ir para a Universidade que nos prepara, é o que se aprende, como se aprende e a experiência de aprender e não tem de ser necessariamente na Universidade isso não torna as pessoas menos capazes, por não frequentarem na Universidade. Outros interesses são igualmente ricos no desenvolvimento social, cívico e cultural das pessoas…

Volto a reforçar, não é tornar as Universidades inacessíveis é sim, exigir-lhes a excelência…

Não sei consegui expressar bem a minha ideia. Sinto que existe um vazio de conhecimento e que as pessoas que frequentam a Universidade, apenas as veem como um degrau para chegar a um sitio melhor de forma concreta e material e não a real essência do conhecimento. Perdeu-se o conceito de academia da Grécia antiga… eu sei, os tempos são outros, mas o conhecimento é sempre conhecimento…e aprender é tão necessário como respirar.


Comentários

  1. Concordo com a tua reflexão. Em minha opinião o ensino superior deve ser acessível na prática e não na teoria.
    Quanto à excelência é verdade que devem pautar pela excelência, eu acrescentaria a eficácia na formação e na transferência de conhecimento.
    Dessa forma eu dava ao ensino superior uma valente cambalhota. Mudança total de paradigma, lá está não no acesso, mas em tudo o resto.
    Uma das coisas que fazia era alterar-lhe o nome. Chamar-lhe-ia de ensino "Complementar", se bem que já deva existir esse ensino com outro significado, mas seria por ai. Seriam 5 anos de aprofundamento de conteúdos práticos a aplicar nas atividades laborais que se seguiriam a este ensino que chamo "complementar".
    Beijinhos
    Bruno

    ResponderEliminar
  2. É capaz de ser isso, é uma mudança total de paradigma. Não se adaptaram na estrutura do ensino, o acesso sim, democratizou-se...mas o resto parece que cristalizou no tempo. E pq não se podem escolher disciplinas a vulso? Devias poder construir o nosso próprio plano curricular, sabem que as nossas escolhas dariam a acesso a determinadas opções. E claro essencial um maior enfoque com o mundo real e profissional... caso contrário na prática o conhecimento não nos serve para grande coisa...

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Não devemos voltar a onde já fomos felizes

Hoje acordei com esta expressão na minha cabeça: “não devemos voltar a onde já fomos felizes”. Sempre que penso nisto, e cada vez mais me convenço, que está completamente errada. Na prática, acho que a expressão tem a ver com pessoas e não com lugares. Não voltarmos a onde já fomos felizes, ou seja, não voltar para determinada pessoa. O local acaba por vir por acréscimo, já que as memórias não ficam dissociadas de situações, locais ou pessoas. Mas é sempre por aquela pessoa específica, que não devemos voltar atrás e não pelos  momentos felizes que se viveram naquela praia ou no sopé daquela montanha. É o requentado que não funciona… ou não costuma funcionar. Acredito que para algumas pessoas dê resultado, mas de uma forma geral, estar sempre a tentar recompor uma situação que não tem concerto, não tem mesmo solução! Mesmo quando existe muito boa vontade e uma boa dose de amor. Voltando aos locais, que é isso que me importa. A história reescreve-se as vezes que forem...

Família com F maiúsculo

Quis o destino ou as coincidências, para os mais céticos, que os meus pais fizessem anos em dias seguidos. O meu pai a 18 de Dezembro e a minha mãe a 19 de Dezembro, no fim do Outono em anos diferentes. O mesmo mês, a mesma altura do ano, quase os mesmos dias, o mesmo signo. Tantas conjugações o que os torna diferentes mas ao mesmo tempo muito parecidos. São como o próprio Sagitário, fogo do fogo em dobro, muito em tudo e muito pouco em quase nada o que faz com que sejam ambos personalidades marcantes e pessoas inesquecíveis. Não digo isso porque são os meus pais (mesmo que não seja isenta), as pessoas que os conhecem podem atestar. Cada um com as suas singularidades, com as suas características, únicos em si e por si mesmos como equipa. Foram dois que passaram a quatro e que agora já são seis, cresceram a multiplicaram-se. Como estamos em época natalícia e em comemoração dos respetivos aniversários e os parabéns e felicidades estão sempre subjacentes, quis que hoje a minha fe...

Guns N Roses - Alvalade 2 Julho 1992

O concerto que não aconteceu porque eu não fui. É de todos os que não fui, aquele que mais me marcou, por uma série de acontecimentos. Queria mesmo ter ido! Foi o apogeu do Axl Rose, como se comprovou mais tarde… nunca mais voltou a ser o mesmo, aliás os Guns tornaram-se uma bandalheira que ficou presa naquele tempo. Não conseguiram cimentar o percurso musical para além daquele período histórico. Adiante… 1992 foi o ano do cão para toda a nossa família, começou com o desfecho tenebroso em 1991 com os AVC’s do meu avô e com o morte dele em Março. Depois disso piorou com a crise de apêndice da minha irmã, que era supostamente uma coisa simples para uma operação de meia hora e demorou 3h! Ainda por cima a minha irmã estava a começar a época de exames de acesso à universidade, o último ano da PGA. Digamos que 1992, foi o ano dos anos… O concerto só seria em Julho, a minha irmã já estaria boa e íamos com a minha prima e outra amiga. Como filha mais nova, não poderia ir sozi...