Os silêncios são meus. Já devias saber.
Não é justo que me roubes os argumentos sem pedir autorização.
São o meu ponto de referência. Se os silêncios não incomodam, significa que podemos estar em silêncio sem que isso nos pese, sem que as palavras surjam por necessidade, apenas para preencher o vazio. É o nosso barómetro. Os nossos argumentos saem validados pelos nossos silêncios.
O que não dizes fica na expressão do teu olhar. Fica na expressão do meu olhar.
Passamos dias em silêncio, só para nos testarmos. Só para nos sentirmos.
Mas nunca esgotamos as palavras que temos para nos dizer. Tu contas histórias, aventuras, graças e eu oiço-te atenta a memorizar cada timbre e cada pormenor.
E podia ficar toda a noite a ver-te dormir. Só para fixar as pausas da tua respiração e para ter a certeza que és de verdade. Nessas noites não tenho pressa para viver, quero que o tempo pare, quero que fiques ali para sempre.
Tentamos quase sempre adivinhar o que cada um pensa quando está em silêncio. Mas tu nunca consegues adivinhar a velocidade a que os pensamentos correm pela minha cabeça, nem como eles brincam contigo em mil e uma maneiras.
Os silêncios são meus. Só estás autorizado a utilizá-los comigo mas fazes batota ou finges esquecer as regras.
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