Vamos manter-nos assim. Tu aí e eu aqui.
Criámos fronteiras de coisas, barreiras de rotinas e
normalidades e mais algum lixo da vida real. O tempo que não se tem para se
fazer tudo o que se precisa como pretexto para não continuar a fazê-lo. E eu
gosto de tempo… de ter muito tempo para dispor dele como entender. Para me
dispor a sentir o tempo como deve de ser.
A vida é feita de contrastes, sou a primeira a cumprir a
regras. Sigo uma linha condutora imaginária que me alinha o caminho mas que nem
sempre me alinha o espírito (quase nunca me alinha o espírito). Gosto da
supressão das bermas, quando me esbarro com estes sinais na estrada, sei sempre
que são para mim. Mantém-te aí em linha com o caminho, como se a berma não
pudesse ser uma alternativa. Quem disse que o certo é o a direito ou em linha reta?
E ficamos assim, eu aqui e tu aí.
Assustam-me os efeitos secundários todos, aqueles que
desconheço e os que sei que acontecem quase sempre. As coisas que não se
controlam representam todo um desconhecido que nem sempre queremos explorar.
Tem dias que não tenho coragem para os desconhecidos. Desperta uma mistura de
sensações: e se eu gosto? e se eu não gosto? e se eu gosto muito? será pior o
muito ou o nada?
Na verdade não ficamos eu aqui e tu aí, ficamos na ameaça. A
aguardar a conjugação perfeita de probabilidades. Comportamento de B leva a X…
e se não chover amanhã trago vestido, parece tudo tão encadeado e tão
verdadeiro. Não é nem tem sido. Algumas histórias parece que se constroem pelo
fim, outras pelo meio e os inícios estão completamente fora de moda, já ninguém
começa pelo principio. Tenho de me saber adaptar. Os dias nem sempre se fazem
ao meu ritmo.
A culpa é do tempo. Daquele que não se tem e daquele que se
tem mas que não se dá valor. A culpa é do tempo. O meu tempo aqui e o teu tempo
aí, algures sem que inventem o teletransporte no prazo da nossa urgência. O compasso
de espera vai-se tornando rotineiro e todas as sensações elevadas ao expoente
máximo vão tendo picos de energia, umas vezes suaves outras fortes mas sem
cessarem. Parece que não temos prazo.
No entretanto, vamos manter-nos assim. Tu aí e eu aqui, para
já.
Posso sempre acrescentar que o primeiro a definhar perde,
mas eu sei que vou perder, perco sempre. Não se pode apostar o que sabe
perdido.
E porque mantemos estas distâncias de segurança? Será só por receio do desconhecido? Será culpa do tempo? Na minha opinião é por medo de nos entregarmos e sofrermos. E isto aplica-se tanto nas relações pessoais, como nas relações de amizade.
ResponderEliminaré verdade, é capaz de ser isso... salvaguardar o que sobra para não voltarmos a penar... por outro lado, tb podemos deixar passar uma boa oportunidade... e como saber? É um dilema...
ResponderEliminarArriacar vale a pena. Mesmo quando corre menos bem
ResponderEliminarÉ isso mesmo...
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