Os dias desconexos não trazem bons augúrios.
São episódios soltos que não se relacionam entre si mas com
as mesmas personagens. Há dias em que fazemos parte de cenários dramáticos,
outros cómicos, românticos, surreais… sei lá parecem simplesmente não encaixar
uns nos outros, pior não se encaixam de todo e desencaixam-nos completamente.
É
de ficar baralhado! Não se sabe ao certo o que esperar ou como nos devemos
comportar, podemos seguir a máxima de deixar fluir, que facilita mas nem sempre
é possível.
Que pena não termos um botão on/off e principalmente forward.
Nestes dias os minutos passam com dificuldade, ainda que
passem à mesma velocidade de todos os dias, nem mais rápido nem mais devagar na
mesma cadência. Há um tic tac permanente na cabeça até as pulsações do coração
se sentem nas veias como uma bomba relógio. Que martírio!
Dormir não chega, nem a música, nem o mar, nem o carro…
nada. O tempo é um corpo vivo que demora a passar e a realidade não cede uma trégua
na desorientação momentânea. Insiste em manter-nos ligados à corrente, exige
atenção.
Não existem distâncias de segurança, tem de se viver o
presente seja ele como for. Ninguém escapa. Alguns dias são pesados, densos, demorados e não é apenas por ser inverno… depois chega Março o meu agridoce, que desejo como o mais doce de sempre.
Viver todos os dias cansa quem o diz é Pedro Paixão, podia muito bem fazer parte de um dos seus contos ou livros: desconexos e desorientados no limiar da loucura, no limbo da insanidade mas a esforçar-me para manter os pés bem assentes no chão.
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