Os imprevistos

Os acasos, são sempre os acasos que me apanham.
Sempre soube. Essencialmente os que não procuro.
Todas as vezes que me demito de procurar, eles encontram-me.

Cruzam-se comigo na rua.

Apanham-me desprevenida mas acertam-me em cheio.
Ganham quase sempre.

Insisto em não deixá-los entrar. Sou teimosa
Finjo que não guardo na memória bocadinhos e pormenores.
Fecho os olhos para não ver o que não esqueço, mesmo que me esforce.
O que os olhos não veem guarda o olfato. Não consigo apagar.

Saio vencida e deixo que me consuma.
É um caminho sem retorno.
O meu mundo muda.

Passo a gostar-te de gosto e de sabor.
Entende como quiseres.

Quase tudo muda, a realidade transforma-se.
Crescem coisas. Cresce o desejo que se engrandece.

Agiganta-se

Um desejo que é: imutável, inalterável, permanente e todos os sinónimos que encontrares.

Consome-me e consome-se, todos os dias na tua ausência. 


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