Madrugada

Pela madrugada, dei conta da tua ausência. 
O estares sem estar, o corpo imaginado e sentido, lado a lado.
O teu cheiro está por todo o lado.
Como se a memória ofactiva não perpetuasse o tempo. 
Os vazios que não se preenchem. O morrer estando vivo.
Fecho os olhos e tento esquecer tudo. 
Os pormenores e todas as palavras que insistem em permanecer na minha cabeça. O corpo não suporta cama.
Apetece-me gritar. 
O silêncio não se aguenta. 
A ausência é demais. 
Com o passar dos anos devia ficar mais fácil. 
Mentem-nos!!!
Ganha proporções insuportáveis.
Do fundo do quarto, sussura uma voz, quase imperceptível:
- Não desistas do rapaz...


#omeuserendipity




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