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Mensagens

A mostrar mensagens de 2020

Fazer o bem sem olhar a quem

Diz-se que o bater das asas da borboleta aqui provoca um tsunami do outro lado do mundo, segundo a teoria do caos ou o chamado “efeito borboleta”. Pela mesma lógica, se espalharmos o bem e amor por aqui também o irão sentir no outro lado do mundo, não é assim? Se não é, eu gosto de acreditar que é. Não advogo a máxima de “olho por olho, dente por dente” como se fosse preciso ser igual a um escroque para provar que temos razão ou para nos sentirmos iguais ou superiores a ele. A teoria do “Chico Espertismo” é uma questão cultural do português como bem se tem visto com o contornar das restrições covid, tem sido uma modalidade de sucesso nos dias que correm. O que nos sobra em desenrascanço parece não se aplicar ao sentido de comunidade e cidadania. De qualquer modo, não é esse o motivo da minha reflexão. Eu acredito em algumas coisas sem precisar ter provas concretas que elas existem ou se processam de determinada maneira, digamos que é a minha fé. Mas uma vez por outra pareço esquece

Valentina

Faz um ano que fui buscar a Valentina. A Amigato tinha-a recolhido da rua, muito pequenina e mirrada. Numa daquelas imagens que o algoritmo (que sabe tudo o que precisamos) do facebook nos mostra “aleatoriamente “pareceu-me ela. E lá fui eu, conhecer a Valentina que por aqueles dias ainda se chamava Letoya. Fui de coração partido com a perda da minha Picachu e pouco restabelecida das semanas duras que tínhamos vivido. Nem sei se foi coragem, carência ou alguma demência que me fez em tão pouco tempo procurar outra gatinha. A veterinária, também ela pouco refeita pela perda da Picachu, recomendou que esperasse um tempo. Eu e a Joaninha passamos uma semana complicada após a morte da nossa menina. A Joaninha visivelmente desorientada aguentou-se como pode apesar de ter ficado assim alguns meses. Nessa semana teve de reaprender a viver sozinha, que para ela é um tormento! Eu tive de me conformar com a ausência da gata mais querida que alguma vez tive e aprender a perdoar-me por nã

O tempo passa

Faz hoje um ano que tive de deixar partir a minha gatinha. Ninguém nos prepara para estas coisas, nem nunca iria conseguir sentir-me preparada para fazer de ânimo leve o que tive de fazer. Reconfortei-me com a nobreza do ato que todos os meus amigos me quiseram transmitir, como sendo o melhor e um ato de amor. Foi o melhor, obviamente tendo em conta o quadro clinico da gatinha. Talvez tenha sido também um ato de amor, vê-la sofrer estava a deixar-me destroçada. Ela estava esgotada, a Joaninha estava esgotada e eu acabei por desistir depois de uma semana de pouco sono e muito desgaste na tentativa de mantê-la viva. Nada nesta vida é para sempre, nem a vida das pessoas que amamos nem a vida dos animais que tanto nos dão nem a nossa própria vida. Por isso, aceitar com naturalidade todo o processo é o que nos resta saber fazer. Nunca será fácil mas é menos difícil encarando as coisas com a naturalidade que devem ter. Digo isto agora, com algum distanciamento depois de ter sofrido horro

Usar a cabeça

Tenho sérias dúvidas que vá ficar tudo bem. Não sei qual é o propósito maior disto tudo o que estamos a viver, sei apenas do ponto de vista prático, as pessoas parecem desnorteadas. E não só porque efetivamente os dias estão estranhos e tivemos de ficar em prisão domiciliária. As pessoas sentem-se mais vulneráveis com medo de ficar doentes ou de transmitirem o vírus de um lado para outro, de perder o emprego, rendimento, de não saber como as crianças irão voltar à escola e por ai fora… não obstante tudo isto, que já não é pouco, temos as duas fações que entram em choque nas redes sociais e um pouco por todo o lado: os que acham que somos todos uns totós instrumentalizados pelo estado e sabe-se lá mais o quê e que o vírus não passa de um engodo e os outros que não saem de casa sem se passar por álcool dos pés à cabeça e que esticam uma fita métrica para garantir que cumprem os dois metros até com a família. Enfim, bem sei que não é fácil e que tudo isto que estamos a viver é novo para t

A neta da Dona Rosa

Hoje a minha avó faria 94 anos. Sempre soube que um dia iria perdê-la (é a lógica natural da vida) e até esse dia ter acontecido, passou muito tempo.  Tenho essa bênção bem presente e sou imensamente grata por ter tido a minha avó tantos e bons anos na minha vida. Mesmo sabendo tudo isto, aceitando que as coisas acontecem desta forma, não poderia imaginar as saudades que iria sentir dela, são muitíssimas!  Desde que ela partiu que não passo um dia em que não pense nela, que não comente alguma coisa que fiz com ela ou que simplesmente a mencione. Na verdade, não tinha noção que o fazia. Numa banal conversa depois de dizer “ou como diria a minha avó…” apercebi-me da frequência com que falo e penso nela. Fiquei surpreendida, não por achar estranho mas por de facto não ter percebido como é difícil superar a ausência de uma das pessoas mais importantes da minha vida. E como eu, apesar de achar que tinha encaixado tudo bem, compreendido e aceitado ainda não consegui desfazer-me deste luto.

Fora da Quarentena

Finalmente “desconfinados“ e depois de ter lido todos os desabafos e mais alguns que por ai se escreveram, aproveito para partilhar a minha experiência. Durante este período o que mais me disseram foi: “tenho pensado tanto em ti, tu ai sozinha…” e “como consegues viver aqui sem ter alguém para conversar?”. Como explicar isto, sem parecer demasiado filosófico ou uma balela. Estar só não significa estar sozinha, mesmo estando sozinha eu não me sinto só, nunca senti. A solidão não me pesa, nem nunca me pesou. Entendo que faça confusão a algumas pessoas mas eu sou uma companhia porreira para mim própria e aprecio-me bastante. Por isso, o estar sozinha não me causou mossa e o não conversar com ninguém também não foi verdade, falei com muitas pessoas durante a quarentena, troquei muitas mensagens, fiz inúmeras chamadas de vídeo, falei muito comigo mesma e com as minhas gatas. Não senti falta de falar com mais ninguém. Peço desculpa pela franqueza. Faz-me alguma confusão que as pessoa

A Gratificação

E não é assim que tudo deveria ser? Passamos a vida em busca de um qualquer ideal e esquecemos a simplicidade das coisas que aparecem sem verdadeiramente procurarmos por elas. Sempre que nos obrigamos ou esforçamos em excesso, estamos de certa maneira, a contrariar a nossa própria natureza. Umas vezes tem mesmo de ser, quando a indolência toma conta da ocorrência sem justificação aparente, e ai é vital reverter a situação para nosso bem. Fora estas situações, é verdade que sempre que procuramos em demasia ou forçamos para que alguma coisa aconteça, estamos a controlar coisas que nem sempre devemos ou que estão ao nosso alcance. A necessidade de controlo é boa quando precisamos ter organização, planeamento e estrutura e mesmo assim temos de deixar uma margem para qualquer ocorrência inesperada, porque acontecessem quase sempre, como maior ou menor escala e não são nenhuma desgraça. A vida deve fluir naturalmente é isso que nos deixa maravilhados quando chega a primavera. O i

Abraçar

As interrupções abruptas não são bem-vindas, mesmo quando são necessárias. Nunca são fáceis ou ligeiras. Num momento está tudo normal e é assim que se espera que continue mas de um momento para o outro tudo pode mudar e isso nunca foi tão real como agora. Já tinha sentido esse choque quando mudei de escola e passei do colégio para a secundária. Já tinha sentido a violência de uma interrupção abrupta e permanente, quando o meu avô morreu, algures naqueles primeiros dias do mês de março e mais tarde nesse ano quando partiu também o meu outro avô. Alguns anos nem deveriam fazer parte do calendário. Todos os dias morrem pessoas, dizem… mas não a mim, a mim até então não tinha morrido ninguém de importância extrema. Com o passar do tempo habituamo-nos e conformamo-nos com esta realidade, não se pode fazer nada. Aceita-se com maior naturalidade quando temos mais idade e quando se percebe que o fim é inevitável e o fim do sofrimento também, como foi no caso das minhas avós. Não é fácil ma

Pequenos focos de amor

O amor não tem de nos deixar inquietos, muito pelo contrário, tem de nos deixar em paz.  Tem de possuir a habilidade de nos devolver ao espírito a paz que buscamos quando procuramos o amor.  Talvez a literatura seja em parte culpada por este equívoco!  Os escritores com os seus amores exacerbados, doentios, frenéticos, sôfregos, cheios de fogo, angústia e dor fazem-nos crer que o amor, o bom amor, o que vale a pena deve ser assim. Deve deixar-nos num estado de explosão eminente e intensa, num estado de sobressalto permanente que nos tira o sono, a fome e por pouco os sinais vitais do corpo! Claro que o amor precisa do combustível que só a paixão sabe dar, o fogo que gera desejo, vontade e muito impulso é indispensável no primeiro impacto. Mas depois, como nos narram os escritores com o passar do tempo o fogo começa a transformar-se em ciúme, loucura e em casos extremos, doença. Ficam obcecados e obsessivos com a pessoa amada como se precisassem dela para viver, como se não tive

Sobre o Cancro

Ficou definido que o dia 4 de fevereiro é o Dia Mundial do Cancro. O objetivo principal desta data é desmistificar algumas das ideias pré-concebidas sobre o cancro e informar sobre os fatos reais da doença, sensibilizar a população e mobilizá-la na luta contra a doença. A preocupação com o cancro é global e transversal a todas sociedades e culturas. A celebração desta data remonta ao ano 2000 e baseia-se na Carta de Paris, onde se apelou à aliança entre investigadores, profissionais de saúde, doentes, governos e parceiros da indústria no âmbito da prevenção e do tratamento do cancro. A carta foi aprovada em 4 de fevereiro desse ano, na World Summit Against Cancer for the New Millenium. Os números associados às doenças oncológicas são assustadores! O número de novos casos que vão aparecendo crescem de ano para ano, em paralelo vai também aumentando a esperança de vida para os doentes e são cada vez mais os casos de cura. O envelhecimento da população faz disparar ainda mai

A Guardiã

Bem ao seu estilo, sem subtilezas andou a minha saudosa avó Maria, Maria de Vale Côvo como era conhecida, a "enviar-me" lembretes sucessivos para não me esquecer dela. Como se isso fosse possível!  Não me esqueci querida avó, que fez no passado dia 24 de Janeiro dois anos que partiste. Todo o dia 24 estive pensar nela, era uma mulher divertida, alinhava nas nossas brincadeiras e como queria sempre saber do que tanto nos riamos. Nunca mais comi bolo de iogurte como aquele que nos deixava noite, após noite para comermos quando chegávamos a casa das noitadas.  A mulher do oráculo eras tu, obviamente. Igual a ti mesma e sem subtilezas a intrometeres-te nos meus momentos zen. Mais tarde no filme, que abriu o ecrã com um gigante 6 de Abril! Foi certeiro! Senti ao ver esta data, imensas saudades tuas, para que saibas.  Tive saudades das brincadeiras ao telefone, a troca de galhardetes em que sempre alinhavas sem te ofenderes. De tantos e tantos lanches que fizem

Um certo tipo de amor

Há um certo tipo de amor que demora a florir. Há um certo tipo de pessoas onde o amor demora a florir. Qualquer uma das afirmações é verdadeira. A primeira está comprovada, nem todos os amores são à primeira vista ou nascem espontaneamente, precisam de amadurecimento como as sementes na terra. O amor precisa de tempo, dedicação, empenho e coragem para se acreditar que vai germinar. O amor saudável, o que nos faz bem tem premissas que parecem esquecidas. Não tem regras pré-estabelecidas, contudo precisa deixar que a magia faça a sua parte, precisa que não se desista na primeira contrariedade, que não se desista só por desistir, que se deixe de lado crenças e ideias pré-concebidas que se possa ter sobre o amor. Precisa acima de tudo que se deixe de lado a bagagem que se traz. Não podemos esquecer a experiência que temos com o amor e ao mesmo tempo não podemos deixar que isso nos impeça de aguardar o imprevisível. O amor que demora a florir precisa ser original, ter uma linguagem pró

Anjo da Guarda

#3 O número 3 é associado à criatividade e expressão. Nas questões espirituais o três é visto como a união entre a mente, o corpo e o espírito resultando assim no equilíbrio que todos queremos para as nossas vidas. O três pede-nos que aceitemos a nossa criatividade sem medo de expressá-la, também nos diz que a comunicação pode acontecer naturalmente e sem esforço. De uma maneira ou de outra, temos de usar isso a nosso favor, criando aliados e uma base forte para transformar as ideias em realidade. O três é um convite para nos abrirmos para o mundo e aceitar que essa é a nossa missão. Faz três anos hoje que recebi a notícia que iria começar a escrever semanalmente no 7HINK. Faz três anos que morreu a minha avó, umas das pessoas mais importantes da minha vida. Faz hoje três anos que tudo isto aconteceu, no mesmo dia e quase na mesma hora. Por isso, faz três anos que ganhei mais um anjo da guarda, o terceiro. As coincidências ficam aquém de si próprias, os significados não pod