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O auge: Dezembro de 2003

Escrever sobre os Doors em qualquer abordagem é sempre escrever um pouco mais sobre mim, são histórias que se cruzam.

Em 2003 o concerto de Lisboa foi a materialização de uma realidade que achei impossível de acontecer. Não era descrença, para mim seria pouco provável que os Doors se predispusessem a um regresso aos palcos, a história da banda dizia-me isso. Mas felizmente enganei-me.

Obviamente que neste caso o Jim Morrison é insubstituível assim como o John Densmore, mas ainda assim o Ray o Robby encontraram no Ian Astbury dos Cult um representante magistral da música dos Doors, também ele tem Doors na alma, notou-se bem.

Não eram os Doors mas eram. Foi o que me bastou. Poder ouvir ao vivo a música dos Doors, tocada pelos próprios foi a concretização de um sonho. De todas as coisas que me aconteceram na vida, foi sem dúvida das mais importantes e marcante, fez-me feliz! 

E lá fui eu no dia 6 de Dezembro concretizar um sonho, arrastando a minha irmã comigo com o argumento: vais testemunhar um momento histórico. Como se o homem estivesse novamente a pisar na lua! Foi mágico…

A Carmina Burana como abertura do concerto, a encher a sala do pavilhão atlântico para uma multidão em transe. Parecia que era o Jim Morrison que estava a subir ao palco (as semelhanças físicas do Ian com o Jim Morrison, são óbvias) estávamos a assistir à reencarnação do Rei Lagarto em todas as frentes: voz, música, postura… a emoção foi eletrizante. Se tivesse morrido naquele dia, morreria feliz! Não estou a exagerar.

Tocaram o When the music’s over, que é uma das minhas favoritas entre todas. A minha memória perdeu-se um bocadinho no meio de tanta emoção, sei que tocaram quase tudo o que queria ouvir e que poderíamos ter ficado até de manhã ao som dos Doors. Quando terminou estava carregada de adrenalina, virei-me para a minha irmã e disse-lhe: volto amanhã!

E lá fui eu, sozinha…curtir Doors ao meu ritmo, com autorização para chorar e tudo. Foi tudo como no dia anterior, apenas com a certeza que não se iria repetir no dia seguinte, para minha infelicidade. Chorei, emocionei-me, quis mais, mais e mais.

Estes foram os nossos primeiros encontros, mais tarde voltaram para outros concertos, um no coliseu e outro no Sheraton no Algarve. Todos eles dignos de registo num novo texto.

Que nunca me faltem os Doors! Ámen!

O primeiro bilhete foi comprado em Setembro, o segundo no próprio dia. 

Comentários

  1. Pois fui e sou! ;) Ainda tive direito a bonus mais duas vezes. E com a minha tese de mestrado, ainda conheci o maior expert de Doors de sempre, que é português!!! Que agora é meu amigo uma pessoa 5 estrelas. Não são só os laços com os Doors mas tb com as pessoas que gostam de Doors, que tornam esta história tão boa, para mim!

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